Duas irmãs unidas desde suas infâncias por um segredo. Uma avó que também fazia parte deste segredo. Um pai que era o organizador de um dos Jarês da região, que cuidava dos doentes e mantinha a ordem entre a população local pelo respeito que despertava em todos. Uma mãe que se manteve firme ao lado de sua família ao longo de toda sua vida.
Que família era essa?
Originária dos escravos que foram libertos pela Lei Áurea, essa família viveu em uma das fazendas dos ricos fazendeiros do interior do sertão baiano, que dizendo que eles eram livres, os mantiveram presos em suas terras, trabalhando incansavelmente, em troca de moradia e do direito de ter o que plantar. Explorados de outra forma, esse povo, que é o nosso povo, saiu de uma forma de escravidão para viver em outra e quando começaram a lutar por seus direitos foram cruelmente massacrados.

Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, conta essa história de forma envolvente, poética e realista. Uma leitura deliciosa que nos ajuda a visualizar melhor elementos da nossa cultura, que para alguns é pouco conhecida. Uma leitura que nos auxilia na crítica quanto à dívida que o Brasil tem com nosso povo ancestral, originário da África e os Índios, e dos privilégios que os brancos tiveram pela cor de sua pele.
Uma leitura mais do que recomendada, necessária!!!